sexta-feira, 10 de junho de 2011

ÍNDICE DE RESPIRAÇÃO SUPERFICIAL E A RELAÇÃO TI/TTOT

ÍNDICE DE RESPIRAÇÃO SUPERFICIAL - IRS

Tobim e Associados no final dos anos 80, descreveram um índice respiratório chamado por eles de IRS – Índice de Respiração Superficial, o qual, tendo apenas como variáveis respiratórias o volume corrente e a freqüência respiratória tornava possível ao terapeuta a obtenção de um prognóstico de sucesso ou insucesso no desmame do ventilador mecânico.

IRS = FR / VC em litros

Os valores mensurados acima de 105 eram significativos para descrever o insucesso no desmame, porque com grande evidência clínica, esta cifra indicava alguma alteração no padrão de respiração voluntária do paciente suficiente para torná-la superficial, rápida e fadigante sem a ajuda do suporte ventilatório.

Deste modo Tobim de forma marcante determinava pela primeira vez na literatura a importancia da necessidade de um adequado controle do padrão de respiração voluntária do paciente para o sucesso na terapia de desmame.

Com uma melhor observação do comportamento deste índice na prática clínica, e levando-se também em consideração diversos modelos matemáticos, algumas modificações foram por nós introduzidas desde o ano 1991, tendo como objetivo adequá-lo a uma melhor realidade e confiabilidade das alternativas de padrão de respiração voluntária do paciente.

Tal qual demonstrado abaixo, dividimos as possibilidades matemáticas do Índice de Tobim em três valores:

Abaixo de 105;
Entre 105 e 120;
Acima de 120.

Os valôres mensurados que se apresentem abaixo de 105 predizem sucesso, entre 105 e 120 predizem precaução e acima de 120 predizem o insucesso.

Em minha opinião, este Índice pode ser utilizado rotineiramente pelo Fisioterapeuta independente do paciente estar ou não sendo submetido a terapia de desmame do ventilador mecânico. O IRS deve ser incorporado como uma importante ferramenta de avaliação respiratória pelo Fisioterapeuta.

RELAÇÃO TI/TTOT COM O PADRÃO DE RESPIRAÇÃO VOLUNTÁRIA

A freqüência respiratória é classicamente definida como o número de ciclos respiratórios por minuto. Cada ciclo respiratório apresenta um tempo total (Ttot), o qual é preenchido por duas fases cronométricas distintas: o tempo inspiratório (Ti) e o tempo expiratório (Te).

O tempo inspiratório é correlacionado com a fase de contração muscular e o tempo expiratório com a fase de relaxamento.

Existe uma relação muito importante que demonstra adequadamente a ideal ocupação do tempo inspiratório no tempo total do ciclo respiratório, tentando assim, demonstrar na prática o tempo ideal de contração e o tempo ideal de relaxamento.

Toda vez que o tempo expiratório for menor que o tempo inspiratório, começa a aparecer problemas como o aumento do trabalho respiratório e é exatamente esta análise que a relação Ti/Ttot procura demonstrar.

Em nossa prática, a relação Ti/TtoT, se apresenta acima do valor 0,4 na maioria dos pacientes que são submetidos a ventilação mecânica e a um protocolo de desmame, determinando assim uma importante alteração no tempo expiratório que se torna mais curto que o tempo inspiratório por diversos fatores etiológicos, dentre os quais destacamos o drive neural e o aumento da resistência nas vias aéreas.

Fórmula:

INDICE TI/Ttot = TI/TTot

Com uma melhor reflexão, podemos pensar ainda que com base nas alterações encontradas na relação Ti/ToT, existe uma forte evidência de que muitos dos pacientes possam ter uma significativa perda da conscientização do ciclo ventilatório talvez como uma resposta a situações como o pânico, o medo, o terror, a ansiedade, a depressão, efeitos colaterais indesejáveis de drogas farmacocinéticas etc.

Outrossim, é muito importante ao nosso ver correlacionar sempre clinicamente o IRS com a relação Ti/TtoT, pois existem situações clínicas em que o IRS está alterado e a relação Ti/ToT não ou vice-versa.

Toda vez que a relação Ti/Ttot está alterada ao nosso ver é uma situação bem mais preocupante do que quando somente o IRS está alterado.

FATORES QUE LEVAM A INSTABILIDADE DA MECÂNICA RESPIRATÓRIA E COMO TRATÁ-LOS

Marini, em 1986, relaciona os principais problemas e quais as principais medidas terapêuticas contra os fatores que impedem a retirada da ventilação mecânica ou ainda que geram instabilidade respiratória em pacientes respirando voluntariamente.

Os principais problemas que podem ocorrer com um paciente crítico com quadro de instabilidade respiratória são:

a- Hipoxemia;
b- Aumento da impedância torácica;
c- Aumento do volume minuto;
d- Diminuição da condução respiratória;
e- Fraqueza muscular;
f- Fatores psicogênicos.

Algumas regras e condutas terapêuticas podem ajudar a melhorar esses problemas e é extremamente importante ao meu ver que o Fisioterapeuta tenha conhecimento desses procedimentos.

Embora em sua maioria estes sejam realizados pelo Medico Assistente, ao Fisioterapeuta em atendimento a sua regulamentação profissional, cabe poder praticar no momento clínico oportuno uma Fisioterapia mais analítica, criteriosa, fundamentada, que atenda aos objetivos clínicos, porque voltamos a insistir que a clínica é sempre soberana e pensar com base clínica não é apenas direito de um único profissional.

As condutas apresentadas em negrito estão também correlacionadas com a atuação do Fisioterapeuta.

CONDUTAS PARA TRATAR A HIPOXEMIA

a- Melhor posicionamento no leito;
b- Diminuição das secreções;
c- Broncodilatação;
d- Diurese;
e- Aumentar a FiO2;
f- Utilizar CPAP.

CONDUTAS PARA TRATAR O AUMENTO DA IMPEDÂNCIA TORÁCICA

a- Posicionamento no leito;
b- Diminuição das secreções;
c- Diurese;
d- Diminuir o volume minuto;
e- Broncodilatação.

CONDUTAS PARA TRATAR O AUMENTO DO VOLUME MINUTO

a- Sedação;
b- Controlar a febre;
c- Diminuir a dor;
d- Diminuir a relação VD/VT.

CONDUTAS PARA TRATAR A DIMINUIÇÃO DA CONDUÇÃO RESPIRATÓRIA

a- Aumentar a oferta nutricional;
b- Diminuir a alcalose;
c- Diminuir sedativos;
d- Melhorar a qualidade do sono;
e- Diminuir a sobrecarga respiratória;
f- Diminuir a deficiência tireoidiana.

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