O Sistema Límbico
é formado por estruturas filogeneticamente antigas e que têm forma altamente
arqueada. Essas estruturas estão interpostas entre o diencéfalo e as áreas do
neopálio do hemisfério cerebral.
As pesquisas
mostraram que o lobo límbico tem interconexões profusas com o sistema
olfatório, com o hipotálamo, o tálamo, o epitálamo e, numa menor extensão, com
áreas do neocórtex. Ele está associado com a integração superior de informação
visceral, olfatória e somática e elementos subjetivos e expressivos em
respostas emocionais.
Componentes do Sistema Límbico
Os componentes do
sistema límbico estão agrupados em duas áreas: cortical e subcortical (segundo
a maioria dos autores pesquisados).
Componentes Corticais
-
Giro do Cíngulo: localizado
acima do corpo caloso, possui, na face medial do encéfalo, as seguintes
relações:
-
superiormente: sulco do giro do cíngulo, giro frontal
superior, lóbulo paracentral, giro pré-cuneos;
-
posteriormente: istmo do giro do cíngulo.
O giro do cíngulo
recebe aferentes originados de muitas fontes. Uma aferência importante provém
do núcleo talâmico anterior, que é comumente subdividido em núcleos
ântero-medial, ântero-dorsal e ântero-ventral (o mais desenvolvido no homem).
Através do núcleo
anterior do tálamo, o giro do cíngulo pode ser influenciado indiretamente por
outras regiões.
O córtex parietal,
o temporal e o pré-frontal emitem fibras para o giro do cíngulo.
-
Hipocampo: eminência alongada e curva que no homem situa-se
no assoalho do corno inferior dos ventrículos laterais acima do giro
para-hipocampal. O hipocampo também inclui o giro denteado e o subiculum.
O hipocampo é
constituído de um córtex muito antigo, arquicórtex, do tipo alocórtex.
Projeta-se para o corpo mamilar e área septal através de um feixe compacto de
fibras, o fórnix, que está situado abaixo do corpo caloso.
-
Giro Para-hipocampal: situado na face inferior do lobo temporal, possui
as seguintes relações:
-
lateralmente: sulcos rinal e colateral e giro
occípito-temporal lateral;
-
superiormente e medialmente: sulco
hipocampal;
-
anteriormente: forma um gancho em volta do sulco hipocampal
para formar o uncus (circunvolução de protusão medial);
-
posteriormente: giro occípito-temporal medial.
Componentes Subcorticais
-
Corpo Amigdalóide: é também chamado de núcleo amigdalóide, é um dos
núcleos da base. Está situado no lobo temporal, entre o uncus e o giro
para-hipocampal, e tem relação com o núcleo caudado.
É constituído de
numerosos subnúcleos. A maioria de suas fibras eferentes agrupa-se em um feixe
compacto, a estria terminal, que acompanha a curvatura do núcleo caudado e
termina do hipotálamo. Algumas fibras da estria passam através da comissura
anterior para o corpo amigdalóide do lado oposto.
-
Área Septal: desenvolve-se do telencéfalo e consiste de lâmina
de substância cinzenta, atravessada por muitas fibras, dispostas no plano
vertical da parede medial do corpo anterior do ventrículo lateral, principalmente
na frente da comissura anterior.
De acordo com sua
relação com a comissura anterior, a área septal pode ser dividida em partes pré
e supracomissurais.
-
Núcleos Mamilares: situados nos corpos mamilares; recebem fibras do
hipocampo através do fórnix, e projetam parte para a formação reticular e para
os núcleos anteriores do tálamo através do fascículo mamilo-tegmentar e
mamilo-talâmico respectivamente.
-
Núcleos
Habenulares: situam-se nos
trígonos das habênulas (epitálamo). Recebem fibras pela estria medular e
projetam para o núcleo interpeduncular do mesencéfalo através do fascículo
retroflexo.
-
Núcleos
Anteriores do Tálamo: situam-se no
tubérculo anterior do tálamo. Recebem fibras dos núcleos mamilares e projetam
para o giro do cíngulo.
Conexões do Sistema Límbico
Conexões Intrínsecas
As
intercomunicações do sistema límbico foi, e é objeto de estudo de muitos
pesquisadores. Várias teorias foram formuladas no intuito de explicá-las.
Teoria
de James - Lange: teoria de um psicólogo americano com um dinamarquês que
propunha que as emoções consistiam na percepção das alterações fisiológicas
desencadeadas pelo estímulo emocional.
Teoria
de Cannon e Bard: propuseram, baseados em experiências, a hipótese que o
tálamo seria o responsável pela coordenação da emoção a qual se manifestaria
através do hipotálamo. A importância dessa teoria se deve ao fato de implicar
os mecanismos diencefálicos na elaboração dos processos emocionais.
Teoria
da Ativação Lindsley: essa teoria procura explicar as reações
emocionais através de uma atuação cortical seletiva que seria originada do
sistema ativador reticular ascendente (S.A.R.A.). Uma falta dessa teoria foi
conferir um papel exagerado ao S.A.R.A. como regulador do sistema emocional.
-
Teoria de Papez: Papez levantou a idéia de que as
estruturas do lobo límbico constituíam o substrato neural da emoção e da
memória: esse mecanismo consiste em um circuito fechado que une os componentes
do sistema límbico cuja disposição mostrada encontra-se na ordem de
predominância dos impulsos nervosos:
*
HIPOCAMPO: liga-se às pernas do fórnix por um
feixe de fibras situadas ao longo de sua borda medial, a fímbria do hipocampo;
*
FÓRNIX: liga-se ao corpo mamilar através de suas
colunas que cruzam a parede lateral do III ventrículo;
*
CORPO MAMILAR: liga-se aos núcleos anteriores do
tálamo pelo fascículo mamilo-talâmico;
*
NÚCLEO ANTERIOR DO TÁLAMO: projeta fibras para o
córtex do giro do cíngulo;
*
GIRO DO CÍNGULO: envia fibras através do fascículo
do cíngulo ao giro para-hipocampal;
*
GIRO PARA-HIPOCAMPAL: liga-se ao hipocampo
fechando o circuito.
Conexões Extrínsecas
Para exercer as
funções a ele atribuídas, o sistema límbico precisa ter acesso a informações
sensoriais (através de conexões aferentes) e aos mecanismos efetuadores
(através de conexões eferentes).
Conexões Aferentes
As emoções são
desencadeadas pela entrada no sistema nervoso central de determinadas
informações sensoriais. Os impulsos olfatórios passam diretamente da área
cortical de projeção para o giro para-hipocampal e o corpo amigdalóide. As
informações relacionadas com a sensibilidade visceral chegam ao sistema
límbico, seja diretamente, através das conexões do núcleo do tracto solitário
com o corpo amigdalóide, seja indiretamente, via hipotálamo.
Existem numerosas
projeções serotominérgicas e dopaminérgicas que o sistema límbico recebe da
formação reticular e que exercem ação moduladora sobre a atividade de seus
neurônios.
Conexões Eferentes
O sistema
límbico, através dessas conexões, participa dos mecanismos efetuadores que
desencadeiam o componente periférico e expressivo dos processos emocionais e,
ao mesmo tempo, controlam a atividade do sistema nervoso autônomo. As
principais conexões que exercem essas funções são as do sistema límbico com o
hipotálamo e com a formação reticular do mesencéfalo.
*
Conexões com o
hipotálamo
-
Hipocampo: liga-se aos núcleos mamilares pelo fórnix. Dos núcleos mamilares do
hipotálamo, os impulsos nervosos seguem para o núcleo anterior do tálamo,
através do fascículo mamilo-talâmico, e para formação reticular do mesencéfalo,
pelo fascículo mamilo-tegmentar;
-
Corpo Amigdalóide: através da
estria terminal, as fibras seguem do núcleo amigdalóide ao hipotálamo;
-
Área Septal: a área septal liga-se ao hipotálamo
através de fibras que percorrem o feixe prosencefálico medial.
*
Conexões com a
formação reticular do mesencéfalo
Se
faz basicamente através de 3 sistemas de fibras:
-
Feixe Prosencefálico Medial: possui fibras
percorrendo o hipotálamo lateral nos dois sentidos. Está situado entre a área
septal e o tegmento mesencefálico;
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Feixe Mamilo-Tegmentar: segue do núcleo
mamilar para a formação reticular do mesencéfalo;
-
Estria Medular: segue da área septal aos núcleos
habenulares do epitálamo, que se ligam aos núcleos interpedunculares do
mesencéfalo (projetam-se para a formação reticular).
Referências Bibliográficas
BRODAL, A. Anatomia
Neurofisiológica - Com correlações clínicas. ROCCA, 3 Ed. São Paulo, 1984.
CHUSID, Joseph G.
Neuroanatomia Correlativa e Neurologia Funcional. Guanabara Koogan, 14 Ed. Rio de Janeiro,
1970.
GUYTON. Neurociência
Básica - Anatomia e Fisiologia. Guanabara Koogan,
2 Ed. Rio
de janeiro, 1993.
MACHADO, Ângelo
B. M. Neuroanatomia Funcional. Atheneu,
2 Ed. São Paulo, 1993.
Grandes informações que demostram clareza e precisam no seu conteúdo, favorecendo o entendimento de todo este universo que não se expõe a todos da mesma forma....
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